terça-feira, 19 de junho de 2007

Hurra, Wir Kapitulieren!*



*Este texto é uma colaboração extraída de: http://araponga-bras.blogspot.com/


Henryk Broder e sua última obra.

Broder não é absolutamente uma personalidade fácil.

Politicamente incorreto como poucos, mas sempre com uma lógica impecável, ele não pensa duas vezes em colocar o dedo nas feridas abertas das sociedades européias.

Seja como repórter do Der Spiegel, seja como intelectual presente nos debates públicos mais significativos sobre a integração de estrangeiros na União Européia, como escritor ativo no combate ao radicalismo religioso, ou em programas de Rádio e TV, ele começa a despertar interesse na imprensa mais significativa internacional, na Alemanha o público se divide entre aqueles que lhe são fiéis até o túmulo. E aqueles que são fiéis à idéia de mandá-lo para lá o mais rápido possível.

Sua defesa dos USA em situações que beiram o indefensável, pelo menos naquilo que entendo como ético ou inteligente em política internacional, algumas colocações generalistas com relação ao islã, que ele mesmo explicou posteriormente, transformam nosso Broder num alvo potencial para terroristas, isto talvez explique o fato do escritor revezar seu domicílio entre Jerusalém, Berlin e Nova Iorque, sem esquecer outra peculiaridade: ele tem endereço até na Islândia. Sua explicação;

“Na Islândia não existem Judeus”

Hurra, Nós Capitulamos é um livro duro. Mostra diferenças culturais que tendem a não desaparecer com o passar dos anos na Europa. Mostra o isolamento cultural de jovens prisioneiros de um sistema patriarcal baseado em valores como “honra” e “nacionalismo”, mostra os efeitos da não aceitação de valores seculares europeus por uma vasta maioria islâmica alemã e suas conseqüências sobre jovens e crianças, que mesmo nascendo neste país só terão contato com a língua no período pré-escolar, e com a cultura, talvez nunca.

Sobre o cair de Joelhos, um novo livro de Henryk Broder, um livro sobre o islã que convida a reflexão.

Há quase trinta anos, o populista dinamarquês Mogens Glistrup fez a absurda sugestão: o ministério de defesa da Dinamarca deveria ser extinto e em seu lugar se instalar uma secretária eletrônica com o seguinte recado:

“Queridos Russos, nós Capitulamos”

Glistrup caiu no esquecimento, mas sua idéia parece que se estabeleceu, pois não somente a Dinamarca, mas toda a Europa parece ter capitulado, a propósito, não aos Russos, mas a ameaça do islamismo radical.

Na ocasião do desentendimento envolvendo as caricaturas de Mohamed que foram veiculadas pelo Jornal Jylands-Posten, ficou claro que a Europa procura a solução de seus problemas no Appeasement ou concessões absurdas ao inimigo.

Assim a firma Nestlé recorre ao seu departamento de Marketing e em anúncios em jornais árabes para garantir que não usa nenhum produto oriundo da Dinamarca, na Itália, Oriana Fallaci é submetida a um processo civil e na Alemanha um ministro vai a imprensa afirmando desejar ser um bom anfitrião ao presidente iraniano, ainda que este presidente esteja se dedicando a uma reedição do Holocausto no Oriente Médio. Bem, isto não pode atrapalhar o espírito da hospitalidade.

O jornalista Henryk Broder em seu estilo polêmico sempre despertou controvérsias, em seu livro, se dedica aos desafios que o islamismo incorpora e chega a uma conclusão alarmante.

Assim como a política de Appeasement em relação a Hitler, que a postura agressiva dos nazistas acarretou, da mesma forma se comportam os Europeus em relação aos islâmicos, e com isto somente aceleram a islamização do continente.

Abaixo uma breve tradução do livro de Broder:

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Hurra, Wir Kapitulieren!

Por um fio escapei de me transformar num terrorista, pelo menos todas as condições para isto estavam presentes em minha vida. Meus pais conseguiram sobreviver à guerra, graças a algumas passagens que só poderiam ser consideradas aventura, fugiram e assim eu vim ao mundo. Eles eram de tal forma traumatizados que eu, de alguma forma, funcionava como uma prova viva de que uma vida após a guerra era ainda possível. Da mesma maneira eram suas expectativas com relação a minha pessoa.

Ai de mim se não comesse meu espinafre...

“O que nós não daríamos no Campo de Concentração se tivéssemos tido a chance de comer algum legume ou verdura!”

Se eu me recusava a cortar meu cabelo e lá vinham eles me contando como a higiene pessoal era importante, e como um piolho na cabeça poderia significar a diferença entre a vida e a morte.

Se voltasse para casa depois da meia-noite... Então vinha a velha História sobre o toque de recolher no Gueto de Varsóvia.

E enfim... Se aparecia com alguma namorada em casa, então a coisa realmente complicava, pois uma Namorada correta não existia, para meus pais as alemãs eram todas filhas de ex-SS, e lá vinha gritaria sobre...

“Será por isto que nós sobrevivemos?!”

E mesmo quando meus pais de alguma forma começaram a me deixar um pouco mais em paz, começou outra fase onde tinha que aturar a conversa de meus amigos, onde meus discos emprestados nunca voltavam as minhas mãos, onde aquela garota que eu levava a festa sempre voltava para casa acompanhada de outro, menos de mim.

Eu me irritava de tal forma que acabei tendo uma gastrite, e logo assim depois que consegui superar minha gastrite, ganhei uma asma como fiel substituta.

Enquanto meus colegas iam se familiarizando com o uso de preservativos, eu era especialista em doenças psicossomáticas. Por que apesar de todos estes problemas eu nunca cheguei a ponto de pensar em me transformar em um terrorista, eu dificilmente consigo explicar.

Por sorte eu ainda não conhecia o Os malditos desta Terra de Frantz Farnon, ou a Psicologia Coletiva e Fascismo de Wilhelm Reich, ou ainda os escritos de Horst Ebehard Richter e Margarete Mitscherlich.

Eu era o tipo ideal para ser um terrorista.

Filho de uma família disfuncional, solitário, frustrado e carregado como um barril de pólvora no tombadilho do Bounty. Qualquer Assistente Social encontraria o sétimo céu somente pela sorte de poder testar suas terapias sobre mim. A letra ‘M’ no meio do meu nome não significaria “modesto”, na verdade era um ‘M’ de “medíocre”.

O que me faltava na época era a motivação adequada em querer me vingar do mundo. Na época não existia nem Internet nem vídeo-câmeras, assim eu não teria a possibilidade de cortar a cabeça de alguém, já nas aulas de Biologia o simples fato de abrir uma minhoca ao meio me embrulhava o estômago.

Como eu não podia me transformar em terrorista, só me sobrou a opção de me transformar em um Jornalista. É bem verdade que não é uma profissão lá muita bem vista, estes camaradas andam até entre extremistas.

Um terrorista pode contar com a compreensão da Sociedade, pode contar que uma vez sendo preso alguém virá e lerá os direitos do detento, além da relativizações sobre os motivos de seus atos: o porque ele não poderia ter agido de outra forma e em como a sociedade é co-responsável pelos seus crimes.

Eu reconheço, eu tenho um pouco de inveja destes Terroristas. Não somente pela atenção que eles recebem, mas também pelo idealismo que os motivam. Só por imaginar que se transformam em mártires, coitados humilhados e pisados, gente sem um futuro, pessoas a quem ninguém quis ajudar.

Mas o que mais me inveja nestes terroristas é o respeito que eles inspiram.

Tão logo algum deles se explodem e logo em seguida aparece um especialista explicando o porque nós não deveríamos ter irritado os camaradas.

O correto seria ter conversado com eles, negociado, procurado estabelecer algum tipo de compromisso e ajudá-los de alguma forma.

A este tipo de comportamento dá-se o nome de Appeasement.

E é sobre isto que este livro procura discorrer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Thiago gostaria que vc olhasse
no blog do Guterman o se SACO DE ARRO, colei lá e só escrevi Thiago, assim mesmo claro, acharam seu blog, vá ver a reação dos anti-semitas de plantão.
Venho sempre aqui e te vejo na comunitade do Orkut.
Tânia Cox