quinta-feira, 19 de julho de 2007

O Saco de Arroz



Este texto é uma colaboração extraída de: http://araponga-bras.blogspot.com/

Não pude deixar de traduzir este texto publicado no Spirit of Entebbe, a ironia e o absurdo são evidentes, assim como o espetáculo barato que a mídia européia nos oferece diariamente com relatos parciais e completamente desconectados da realidade no Oriente Médio.

Monday, June 25, 2007

Der Tag, als der Sack Reis umfiel

Spirit of Entebbe

Ninguém consegue dizer direito como aconteceu, e não aconteceu em Pequim, mas em Jerusalém, como foi possível o fato de um saco de 50 quilos de arroz ter caído no chão e se transformar em caso de interesse internacional?

O primeiro que esteve no local do crime foi Mohamed Said de 59 anos. “Foram os Judeus”, gritava o homem agitando sua bengala, enquanto fotógrafos iam se juntando à ocasião na rua Salah-e-Din, “Malditos Judeus, amaldiçoados invasores”.

E rápido o boato se espalhou. podia ser um colono judeu radical o autor do “crime do saco de arroz derrubado”. pelo meio-dia o mais alto representante da autoridade palestina gritava por uma nova intifada:

-Na primeira vez foi um acidente de carro e na segunda foi a visita de um líder de vocês a esplanada das Mesquitas. Mas agora vocês conseguiram abrir as portas do inferno! Logo Deus vai riscar esta criação dos Sionistas da face da terra!

Na Deutschlandradio, a cientista política Helga Baumgarten procurou minimizar o impacto destas palavras. Afinal “Haniye estava sob stress emocional, claro, poisquanto tempo os países ocidentais se recusam a reconhecer o seu governo democraticamente eleito.”

O uso da palavralogomostra que o Hamas sabe da impossibilidade de se destruir Israel imediatamente, portanto isto expressa de maneira indireta reconhecerem o fato em aceitarem a existência do Estado Judeu, e isto é um sinal animador. Agora a bola pertence a Israel.

Enquanto ocorre uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque, o porta voz do Ministério do Exterior israelense em Jerusalém tenta manter as coisas sob controle:

- Ainda é cedo para que a comissão de investigação apresente algum resultado conclusivo, comenta Mark Regev visivelmente nervoso. Regev ainda diz:

Espero a opinião pública internacional assuma uma posição justa em relação ao caso. Na mesma hora a Reuters publica uma foto em se um punhado de grãos caindo do tal saco, que os grãos não são arroz e sim Sésamo.

O repórter da CNN Ben Wedeman viaja para Gaza para entrevistar uma família de 12 pessoas. Abdul Hamid (64) olha para a câmera e gesticula tristemente em sua humildemente mobiliada sala de visitas, sentado num velho sofá.

-Minhas crianças não tem nada para comer. Afirma o homem oriundo de Chan Yunis, enquanto isto a câmera focaliza sua esposa, pela casa dos trinta e um pouco acima do peso. E o que fazem os Judeus!? - Continua Abdul. Eles destroem nosso arroz, nos tomam nossa honra. Será que eles não conhecem nenhuma compaixão? E eles são responsáveis principalmente por esta ocupação!

Através da janela se um grupo do Hamas armado até os dentes e em volta um mar de bandeiras palestinas sendo agitadas. Wederman evita perguntar sobre que ocupação Abdul Hamid está falando.

Enquanto isto o Conselho de Segurança decide, sem a concordância do delegado dos USA, emitir uma declaração.

“O Conselho de Segurança expressa sua mais profunda preocupação com o caso de Salah-e-Din, e exige do governo de Tel Aviv (sic), que façam tudo o necessário para garantir a alimentação da população árabe de Jerusalém e com isto que a chance para uma paz e justiça duradouras sejam garantidas na região”.

O Conselho condena veementemente o crime e espera que uma comissão independente de sete pessoas composta por dois emissários da ONU, dois árabes, dois franceses e um norte-americano, este último sem direito à voto, investiguem o ocorrido na cidade antiga e o esclareçam de forma definitiva.

Bem após o meio-dia a polícia recolheu o corpus delicti e o transportou para sua guarda. Na mesma hora o correspondente da BBC denunciou zangado a clara tentativa de eliminar as provas do crime. A imprensa da Síria comentava sobre os mais de 80 sacos de arroz jogados no chão e a na rádio da Palestina o assunto era sobre “os mais de 500 sacos...” que foram brutalmente rasgados e que foram rabiscados com palavras de ofensa ao profeta, além da ameaça iminente de uma catástrofe tanto na Cisjordânia como Faixa de Gaza.

Na NDR alemã, Betina Marx explica que após a violentajogada de sacos de arroz ao chão” existem radicais em ambos os lados e que a paz é responsabilidade israelense, pois afinal Israel não consegue manter seus colonos radicais sob controle.

Daniel Barenboim anuncia um concerto de solidariedade em Jerusalém em sinal da paz, e ele como Judeu se envergonha pelos responsáveis, e desgostoso pergunta se as pessoas não aprenderam nada com a experiência do Gueto de Varsóvia.

À noite, a TV pública alemã irradia em programa especial do Brennpunkt explicou o apresentador Michael Luders que o mundo árabe estava profundamente ofendido com a maneira com a qual os invasores judeus lidavam com coisas tão preciosas como alimentos básicos, alertava ainda para o perigo da situação sair do controle caso tanto os USA como Israel não levassem em consideração o sentimento de milhões de muçulmanos pelo mundo.

O caso do “Saco de Jerusalém” pode parecer à primeira vista como um exagero, mas não se pode esquecer que este caso pode significar a famosagota d’águaque pode fazer transbordar todo o barril.

Dois dias depois o Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou um vídeo de um turista. O turista de Porto Rico estava passando pelo local e fazendo suas gravações de férias quando um menino árabe passou do outro lado da rua acenando e chamando a atenção dele, o menino sem querer colidiu com a carroça, o vídeo mostrava o saco de arroz lentamente escorregando e por fim caindo ao chão.

Deste vídeo ninguém tomou conhecimento. O que se divulgou oficialmente é que de acordo com novos fatos, o governo israelense se exime de qualquer responsabilidade sobre o caso. Testemunhas palestinas permanecem, no entanto, firmes naquilo que declaram.

A emissora cultural européia Arte dedicou meses após o ocorrido um “Themenabend” ou tema da noite, onde o filme O Saco uma co-produção franco-palestina 2007 foi apresentada seguida de uma roda de debates sobre as duras condições dos árabes em Jerusalém sob ocupação e onde as partes vítimas foram escutadas.

A roda de discussões teve como participantes Addallah Frangi, Udo Steinbach, Norbert Blum e do lado israelense também teve a chance em se manifestar através de Felicia Langer.

Seria cômico se não fosse trágico!

2 comentários:

diogo disse...

Olá!!!!
Esse ''saco de arroz''representa muito bem a aquela velha e famosa lenda de que os Judeus do mundo e em particular os de Israel,chamados de ''colonos''(ora, só se é de fato colono em uma propriedade alheia,e o Estado de Israel nunca deixou de ter Judeus em 19 séc de diáspora!!!)são responsáveis pelas moires e menores desgraças que podem advir ao nosso planeta,fato que é até tema acadêmico,como a famosa ''teoria da conspiração''que joga a culpa da total negligência de governantes nos ''pervesos e esfomiados por sangue gentio''os "sionistas".
Bem,deixando a 'conspiração' de lado,vemos como um simples acontecimento cotidiano de uma feira,cnhecida no mundo árabe como ''shuck''pode desencadiar todo o rancor e ódio que há 1900 anos é expresso de forma brutal por lideres religiosos gananciosos , que têm pra si uma verdadeira legião de pobres e famintos radicais manipulados que acham que seus problemas existencias (diga-se que eles criaram toda a situação de miséria pra si mesmos!)serão resolvidos eliminando fisicamente os ''servos do demônio''.Não tem a capacidade de querer viverem como ser humanos dignos e emancipados de qualquer sistema autoritário.E como o progresso de outros povos certamente os incomodam, é mais fácil pra eles eliminarem todo tipo de''dor da consciência''acabando com o Estado Judeu acham que serão mais felizes vivendo nos pântanos com malária e esgotos abertos,como viviam antes de 1948.
Tenho pena de tanta ignorância...

Bina Goldrajch disse...

Essa palhaçada não vai acabar nunca...